terça-feira, 10 de maio de 2011



Sempre fui de inventar romances, para mim e para os outros. Digo para quem quiser ouvir: eu seria uma cafetina de alto nível, não tem nada mais gostoso do que juntar casais. Coisa bem boa ver o povo feliz. Cenas românticas sempre me encantaram. É claro que precisa ter um teatrinho, alguma lágrima, reencontros, o casal se separa, a mocinha decide viajar, quando uma relação termina a mulher sempre corta o cabelo ou vai viajar para esquecer, já percebeu? O cara se joga no trabalho e na birita. Fica o legítimo Galã da Sarjeta. Então o relacionamento termina, ela arruma as malas e diz vou-sair-da-sua-vida, escreve uma carta contando o quanto está infeliz e amargurada com o fim de tudo, deixa embaixo da porta da casa dele, vai para o aeroporto, nada dele aparecer, ela se desespera e pensa ele-não-me-quer-mais-e-na-carta-eu-dizia-que-queria-ele-de-volta, ela funga, decide entrar na sala de embarque e bem nessa hora acontece. Pausa dramática. Ele chega, olhos vermelhos, meu-amor-eu-te-amo, o cabelo bagunçado por ter corrido até o aeroporto, afinal, o pneu furou, não tinha táxi, ele pegou carona numa kombi antiga e um senhor de bigode dirigia lentamente e ele disse deixa-que-eu-vou-mais-rápido. Isso, ele chegou na hora. Reconciliação. Amor eterno, vamos-ser-felizes-para-sempre. The end.


Pode rir. Mas ria muito. Dê gargalhadas. Desde pequena tenho fascinação por finais felizes. Aquele amor que passa por provações, adversidades, separações. Deve ser por isso que para mim foi difícil lidar com um amor seguro, tranquilo. Nossas famílias não são rivais, ele tinha namorada antes, eu tinha namorado antes, ninguém traiu ninguém, a gente se conheceu, tudo aconteceu devagar, foi natural, foi encantador, foi simples e eu sentia aquilo estranho. É por isso que no começo (e confesso que ainda tenho recaídas) eu criava qualquer probleminha barato só para fazer um Amor Shirley Maclaine. Então eu entendi que não preciso disso para viver. Posso fazer um Amor Kariny Freitas e tá tudo bem assim. Tudo bem pra mim, pra ele e pro amor em si. Não precisa andar de montanha-russa e sair gritando. Não precisa bater porta, falar alto, rasgar foto, carta, cartão e bilhete. Não precisa brigar pra ter reconciliação. Não precisa passar noites em claro chorando. Não precisa revolta nem briga. Mesmo porque, obrigada maturidade, o amor não é esse bafafá que mais parece uma festa com música eletrônica.

Quando você vive um romance, o típico romance-amor-da-vida-que-não-acontece-pra-qualquer-mortal, desaprende muitas coisas para poder aprender outras. Eu, que sempre fui de inventar, parei com fantasias para poder viver o mundo real. Eu, que sempre gostei do frio na barriga que a montanha-russa traz, entendi que para viver um amor ele precisa nos dar equilíbrio. E a montanha-russa, por mais forte que seja o cinto de segurança, é sempre um risco. Eu, que sempre gostei do risco, hoje não arrisco perder uma parte minha que ganhei. Hoje em dia a coisa tá bem, bem difícil. Estamos vivendo um momento de amores vazios e relacionamentos fast food. Eu acredito. Acho que antes eu acreditava em fantasias e sonhos. Hoje eu acredito numa realidade, aquela que a gente vive dia após dia, noite após noite.

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