quinta-feira, 9 de junho de 2011


Para mim, um dos piores sentimentos que existem é a inveja. Não que eu nunca tenha sentido - ou não sinta. É claro que sinto, sou mulher, sou gente. Queria ter cabelo de comercial de shampoo, apesar de saber que é tudo mentira e que as atrizes/modelos fazem escova e usam diversos produtos para dar um up no visual. Também queria jogar uns quilos no ralo. E ter uma bunda dura como a das panicats. 

Acho que o Eike Batista podia ser meu padrinho (não ia ser ótimo ter um jatinho a disposição só pra jantar na Italia e depois voltar para a minha cama quentinha?). Queria a inteligência do Philip Roth e a delicadeza e profundidade do Caio Fernando Abreu. Queria a maturidade, sabedoria e calma de um monge budista. E o pique de um atleta (desde que não seja o Ronaldo).

Querer, eu queria. Mas minha vida não é assim: meu cabelo tem vontade própria, todo dia acorda diferente. Preciso adotar o lema dietas já. Minha bunda vai demorar a ficar dura como a de alguma panicat. Não tenho jatinho nem de plástico. Escrevo do meu jeito, meio certo, meio errado, meio meu. Não sou famosa. Minha inteligência às vezes faz greve. Minha delicadeza e profundidade muitas vezes fazem feriadão. Maturidade, sabedoria e calma só aparecem depois de alguns berros, suspiros e banhos gelados. Além de tudo, estou longe de ser atleta.

Sou quase normal, semi legal. Mas nunca desejei o mal. Não consigo odiar. Mesmo. E olha que já tive motivos para odiar algumas pessoas. Não odeio. Sinto raiva, sim. Então eu grito, brigo, xingo (a pessoa ou o vento). Depois passa. Depois vira poeira, vira nada. Tem coisa que sacode a gente que nem vento forte. Depois vai embora e deixa uma leve bagunça. A gente ajeita e fica tudo bem.

A inveja que sinto não é do mal. Não desejo o que o outro tem, não piso, não passo por cima de ninguém. Posso ter quinhentos e vinte e nove defeitos, mas nunca na minha vida passei por cima de alguém para me dar bem. Acho isso coisa de gente sem caráter. E caráter é uma coisa importante, aprendi isso desde pequena.

Acho que quando a gente nasce já tem aquela coisa do bem ou do mal. Por mais que você cresça e aprenda aquilo sempre vai ser mais forte, vai gritar dentro de você. E o que grita dentro de mim é uma coisa boa. Não tenho vocação para ser santa, mas procuro ficar em paz comigo e com os outros. Não tenho nenhum inimigo (pelo menos que eu saiba), mas sei que nem todo mundo é meu amigo. Porque amigo que é amigo não sente inveja das coisas boas que acontecem na nossa vida.

[Clarissa Corrêa]

terça-feira, 7 de junho de 2011

..."Que as minhas loucuras sejam perdoadas, porque metade de mim é amor
e a outra, também..."




Já tomei muito na cara. Não sou uma amiga perfeita, muito menos uma pessoa pra lá de especial. Erro mesmo, me afastei de alguns amigos depois que comecei a namorar, já fiz coisa errada, mas reconheço, peço desculpa, digo que pisei na bola. E todo mundo se afasta depois que começa a namorar. Tenho pouco tempo livre e o tempo que me resta uso para afazeres domésticos, escrever, organizar minhas coisas, ficar com minha família que tanto amo. Não tenho tempo para fazer jantares todos os dias, para me reunir todos os sábados. Tenho uma vida nem sempre divertida, mas que eu gosto. E aprendi que para ser amigo não precisa ser colado com Bonder.


Tenho amigos ótimos e queridos que não falo todos os dias, mas que amo e sei que posso contar. Tenho 18 anos e minha melhor amiga é minha amiga desde que nasci, tem coisa melhor? Fiz muitos amigos nos últimos anos, gente do bem que posso contar a qualquer hora. E também conheci muita gente que se diz amiga e que só sorri quando quer, só empresta o ouvido quando quer, finge preocupação e na hora em que você vai desabafar diz que não quer confusão para o lado dela. Isso é amizade? Não, não é. Mas hoje eu sei, ainda bem.



segunda-feira, 6 de junho de 2011


Gosto de pensar assim: se a gente faz o que manda o coração, lá na frente, tudo se explica. Por isso, faço a minha sorte. Sou fiel ao que sinto. Aceito feliz quem eu sou. Não acho graça em quem não acha graça. Acho chato quem não se contradiz. Às vezes desejo mal. Sou humana. Sou quase normal. Não ligo se gostarem de mim em partes. Mas desejo que eu me aceite por inteiro. Não sou perfeita, não sou previsível. Sou uma louca. Admiro grandes qualidades. Mas gosto mesmo dos pequenos defeitos. São eles que nos fazem grande. Que nos fazem fortes. Que nos fazem acordar. Acho bonito quem tem orgulho de ser gente. Porque não é nada fácil, eu sei. Por isso continuo princesa. Continuo guerreira. Continuo na lua. Continuo na luta. No meio do caos que anda o mundo, ACEITAR É SER FELIZ.


Fernanda Mello

domingo, 5 de junho de 2011



Eu sei como é tudo isso. Eu sei como é segurar e deixar pra chorar só quando ligar o chuveiro, assim ninguém percebe. Eu sei como é refletir sobre a vida antes de dormir e se certificar de que ninguém está ouvindo para começar a soluçar. Eu sei como é sofrer tão dolorosamente que as vezes você precisa fingir que vai ao banheiro, ou beber água, apenas para lavar o rosto e se recompor. Eu sei como é ter os olhos úmidos e aquele medo de que não seja forte o suficiente para segurar as lágrimas quando está em público. Eu sei como é sentir aquele nó enorme na garganta que te sufoca, até que você cede e chora Eu sei como é sentar na cama, pegar o travesseiro e chorar tanto , mas tanto que se surpreende com o rio que terá que esconder da sua família. Acredite eu sei como é tudo isso.



Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos, um livro mais ou menos.

Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoração ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia.


O que é morno, não faz nem chá!


Poderíamos casar, teríamos um apartamento, tomaríamos café as cinco da tarde, discordaríamos quanto a cor das cortinas, não arrumaríamos a cama diariamente, a geladeira seria repleta de congelados e coca-cola, o armário, de porcarias, adiaríamos o despertador umas trinta vezes, sentaríamos na sala de pijama e pantufas, sairíamos pra jantar em dia de chuva e chegaríamos encharcados, nos beijaríamos no meio de alguma frase,fariamos amor a noite toda e você pegaria no sono com a mão no meu cabelo e eu, escutando sua respiração. Eu riria sem motivo e você perguntaria porque, eu não responderia, saberíamos.
Caio F.


Por muito tempo eu tentei agradar todo mundo, e não tentando agradar você acho que me tornei eu mesma de novo.

Então eu quero, muito, me casar com você.
Jogo de Amor em Las Vegas (filme)

sábado, 4 de junho de 2011



Minha vida mudou muito nos últimos anos. Eu mudei muito nos últimos anos. Mudei sem oferecer a menor resistência. Mudei sem me surpreender com as mudanças. Elas simplesmente apareceram, aconteceram, me invadiram e se instalaram. Então, eu finalmente me senti em casa dentro de mim mesma. E hoje, mais do que nunca, sinto que não devo nada para ninguém. A gente demora demais para se livrar de pesos e culpas. Mas um dia, finalmente, a gente acorda. E descobre que tem uma vida inteirinha pela frente.

sexta-feira, 3 de junho de 2011


Mas você com esse seu jeito só seu, de não me permitir saber o que esperar de você, me faz te odiar tanto e querer tanto a sua atenção. E me faz querer tanto você daqui a pouco, porque você não enjoa. Você me cansa demais mas não enjoa.  
Caio Fernando.

quinta-feira, 2 de junho de 2011



Por favor, não chegue metendo o pé na porta da minha vida. Não gosto. Acho uma falta de respeito sem tamanho. Não costumo guardar mágoa, pois sou da tribo da conversa. Tá ruim? Então senta aqui e vamos resolver as coisas. Muitas vezes peco por falar demais. Muita gente pensa que me conhece. Ilusão, mera ilusão. Quanto mais o tempo passa mais eu percebo que pouquíssimas pessoas me conhecem de verdade. Me analiso uma vez por semana e a cada dia que passa descubro mais e mais disfarces que uso. A gente usa escudos para afastar os males. E o que faz bem também.
Amizade nasce com o tempo. Não dá pra forçar, tentar criar uma intimidade inexistente. Antigamente, contava a minha vida para quem quisesse ouvir. Hoje em dia me preservo. Fica sabendo de mim quem eu quero que saiba. Minha vida é muito bem guardada.
Antes eu achava que todo mundo era meu amigo. Um dia, depois de muito sentir um gosto amargo e horrível na boca, descobri que muita gente queria me ferrar. Sim, as pessoas querem (e vão, me desculpa, mas vão) te ferrar. Tem amigo que não suporta te ver feliz. Tem conhecido que não aguenta ver o teu sucesso. Tem amigo que não gosta de ver que o teu relacionamento está dando certo. Tem parente que sente um ciúme trouxa. Tem gente que não sabe o que é gostar. Tem gente que não respeita nada. Acredito no seguinte: o olho das pessoas que gostam de você sempre vai brilhar quando alguma coisa boa te acontece. Se ele não brilha, meu amigo, "há algo errado no paraíso".
Educação a gente não compra. Não existe um personal educator. Boas maneiras a gente aprende com a vida (ou não). A elegância e o estilo a gente adquire com o tempo (ou não). Mas os limites (ah, os limites!) a gente que estabelece. Eu quero que você vá até aqui. Eu não quero que você passe desse ponto. E assim vamos vivendo (deixando bem claro pra todo mundo que não dá pra confundir as coisas).




Queria conseguir falar dessa felicidade toda que tá aqui dentro. Desse sentimento puro e lindo e iluminado que surgiu em meio a uma tempestade, um tormento... Mas não dá, sabe? A ausência de palavras se dá quando a dona felicidade bate a nossa porta! E eu abro! Ah! eu abro: portas, janelas, peito e alma pra ela entrar. Mas falar? Não... Falar não dá. Aí é pedir demais. A dona felicidade pede silêncio, intensidade de momento, cuidado ao abrir a boca! Ela quer que a gente feche os olhos e olhe pra dentro! Ela me pediu bem isso... Me chamou de Sol! Logo eu que carrego a chuva comigo, que sou tempo nublado constantemente, mas ela disse e disse bem devagarinho acho que pra que eu acreditasse: "Sol, fecha os olhos e confia em mim. Deixa eu cuidar do seu lado de dentro. De onde eu venho tudo é interno, tudo é silêncio." E eu fechei. E eu tô aqui! A gente não morre ao acreditar, entende? E eu achava que se entregar ao desconhecido assim era arriscado demais. Tem coisa mais estranha e desconhecida pra gente do que a gente mesmo? Mas faz um bem enorme. Queria conseguir falar dessa felicidade toda que me invade e instala e pede abrigo. Dessa palavra indecifrável que é: Felicidade. Dessa corrida maluca que é caminhar por dentro pra tentar encontrá-la, mas não consigo. Ser feliz tem me ensinado a falar menos e viver mais. Talvez esse seja o verdadeiro propósito dessa senhora baixinha e balofa que chega num sábado à tarde, numa quarta à noite e vai embora quando menos se espera. Ei, dá pra acreditar que ela me chamou de Sol? Agora além de alma sou quente. Sou luz, energia, meu próprio caminho.Sou felicidade habitando em mim. Eu sou. Sol "soul".


quarta-feira, 1 de junho de 2011



Sempre fui sentimental e nunca levei adiante relações em que não estivesse emocionalmente envolvida, e por mais que eu pareça ser durona, é apenas fachada. Só eu sei o quanto já sonhei em ser uma princesa resgatada da torre de um castelo."

|Martha Medeiros in Fora de Mim|
"Amor é quando você fala pra alguém algo ruim
 sobre você mesmo e sente medo que essa pessoa não
 te ame mais por causa disso. Aí você descobre que essa pessoa
 não só continua te amando, como te ama mais ainda"
Samantha - 7 anos


É fácil aceitar que você tenha aparecido; difícil é acreditar que você queira permanecer. É fácil aceitar que você me ame; difícil é acreditar que você possa me perdoar tanto assim. É fácil entender que queira estar comigo; difícil é compreender essa sua paciência em esperar minha adaptação. Adaptação ao amor. Sou acostumada a perda de, a falta de, ausência de... Amor. Perdas e danos fazem parte da minha vida, de quem sou. Sou feita de retalhos; já não sou inteira há um bom tempo. Sou retalhada de dor, medo, decepção; mas a costura é feita de fé, força, coragem. Por isso ainda sigo enfrentando os dias, corações gelados e diálogos cada vez mais curtos. E então me veio você... Pra me salvar de uma solidão cada vez mais profunda, me fazer enfrentar fantasmas, acreditar na felicidade, num futuro, numa soma de pares cujo resultado é um. E você me entregou tudo o que me faltava, mas não de uma forma a me completar e sim de complementar. Entende a diferença?! Você me entregou sua mão, seu ombro, suas palavras, promessas e atitudes. Entregou beijos, abraços, coração, todo sentimento que há nessa vida. E assim eu fui me acostumando... E em qualquer momento de silêncio seu, seja por estar ocupado ou qualquer outra coisa, minha ‘metade medo’ toma conta do meu corpo inteiro e um fantasma chamado ‘perda’ começa a me assombrar. Não sou assim porque quero ou porque te desacredito. Acontece que o bem que você me faz é tanto, que perdê-lo me geraria danos irreparáveis. Porque é você... O único a permanecer. Você continua comigo quando estou prestes a me abandonar; aceita minhas inseguranças, medos, receios; me aceita do jeito que sou: metade defeito, metade qualidade, inteiramente ‘eu’; de um jeito que nem eu me aceito; e você me ama quando me odeio, me perdoa quando me culpo; me aproxima quando me afasto e está sempre, sempre ao meu lado. Seja numa festa ou debaixo do cobertor no dia de domingo; seja num acontecimento bom ou ruim... Você sempre está. E eu não acostumada a esse tipo de amor. E tenho receio de que ele se vá com o entardecer do dia e não volte quando o Sol amanhecer. Porque é assim... As perdas são abruptas e instantâneas e eu não quero perder você. Sobre o bem que você me faz eu quero o amor, quero você. Difícil acreditar que você me queira assim: da forma como quero você; estranho assimilar que o bem que você me faz é a medida certa do que quero pra mim; estranhamente bom saber que é você.

 [ Isa G. ]